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Semente de Trigo
last seen 1 week ago @bruno-barros

September 6, 2024, 17:47
This is a summary of the story elements:

Title: Semente de Trigo
Protagonist: O protagonista é um menino de 12 anos com esquizofrenia. Há sempre uma voz falando na cabeça dele e pedindo que ele tome decisões e intervenha na vida dos outros.
Location: Idade média, campo de trigo, casa simples e pobre.
Antagonist: A comunidade em que vive que o trata como louco ou possuído por um demônio
Love Interest: Nenhum
Confidant: Seu gato preto, Véu
Conflict: A voz na cabeça do protagonista insistentemente vai contra as decisões e conduta de sua família, e insiste em dizer que um espirito ruim toma conta de sua família. Então a voz sugere meios de expulsar esses espíritos, mesmo que isso signifique torturar seus parentes.
Language: Portuguese
Genre: Horror
Writing Style: Narrative - Tells a story through a series of events
Narrative Style: Third-person Limited - The story is told from the perspective of a single character
Author Style: José Saramago (Português, romance, contos)
17:26
Enquanto o menino se vê cada vez mais dominado pela voz, ele começa a notar mudanças estranhas em sua família: sussurros que vêm do campo de trigo, sombras que se movem à noite e uma sensação de frio que permeia a casa. A voz o incita a realizar rituais macabros para purificar o lar, levando-o a capturar pequenos animais como oferendas, mas a cada ato, ele percebe que sua família se torna mais distante e assustada, aumentando sua angústia e desespero. O conflito interno se intensifica quando ele deve decidir entre seguir a voz e arriscar a vida de seus entes queridos ou lutar contra a influência que parece estar tomando conta de sua mente e de sua realidade.
17:27
A luz do dia mal penetrava as frestas das janelas da casa simples e pobre, e o menino, com os olhos arregalados, observava o campo de trigo balançando ao vento. Mas o que antes era apenas um mar dourado agora parecia um mar de sombras, com sussurros arrastados que se misturavam ao farfalhar das espigas. A voz em sua cabeça, firme e implacável, sussurrava segredos que só ele podia ouvir, afirmando que havia um espírito maligno habitando na casa e que sua família já não era mais a mesma. Ele olhava para seus pais e irmãos, notando como a luz em seus olhos havia se apagado, como se estivessem sendo devorados por uma escuridão invisível, e a cada dia que passava, a voz se tornava mais insistente.

“Eles não te ouvem, não veem o que eu vejo”, dizia a voz, com um tom quase sedutor, enquanto o menino sentia seu coração acelerar. A ideia de capturar pequenos animais como oferenda para expelir o mal começou a parecer uma solução viável, e ele se viu cercado por uma mistura de medo e determinação. Com um olhar furtivo, ele começou a se aventurar pelo campo, armando pequenas armadilhas para pegar passarinhos e coelhos. Cada vez que um animal caía em suas mãos, uma sensação de triunfo se apoderava dele, mas logo era ofuscada pelo olhar de horror que seus familiares lhe lançavam. Eles não entendiam, e o menino se sentia cada vez mais isolado, como se a culpa e o desejo de agradar a voz o consumissem.

Naquela noite, enquanto a lua cheia iluminava o céu com uma luz espectral, ele se preparou para o primeiro ritual. Com Véu, seu gato preto, ao seu lado, ele fez um círculo com os restos dos pequenos animais, encorajado pelos murmúrios da voz. O ar estava pesado, e ele sentia o frio invadindo cada canto da casa, como se o espírito maligno estivesse se aproximando. E quando começou a entoar palavras que não compreendia, uma onda de pânico varreu sua mente. Ele hesitou, questionando se aquilo realmente era a solução ou apenas uma descida mais profunda em um abismo que não tinha volta.

“Faça isso, ou eles estarão perdidos para sempre”, a voz insistia, e o menino, lutando contra a dúvida, percebeu que não tinha escolha. O conflito interno se intensificava, enquanto a linha entre a realidade e a alucinação se tornava cada vez mais tênue. Ele estava divido entre o amor por sua família e a obediência a uma força que parecia ter mais controle sobre ele do que ele mesmo. Com um último olhar para os rostos aterrorizados de seus parentes, ele sentiu o peso da decisão, sabendo que a escolha que fizesse naquela noite poderia selar o destino de todos.
17:27
Enquanto o menino hesita, um grito agudo ecoa pela casa, vindo de seu irmão mais novo, que aparece aterrorizado, afirmando ter visto uma sombra se movendo na escuridão do campo. A voz, enfurecida pela interrupção, ordena que ele sacrifique o irmão para apaziguar o espírito, mas naquele momento, o menino percebe que a verdadeira batalha não é contra o que habita no sobrenatural, mas contra a influência que a voz exerce sobre sua própria mente. Em um ato de desespero, ele decide confrontar a voz, gritando para que ela se cale e buscando um caminho para salvar sua família e a si mesmo, mesmo que isso signifique enfrentar seus medos mais profundos.
17:27
O grito agudo do irmão mais novo cortou o ar pesado da noite como uma faca afiada, trazendo uma onda de pânico que reverberou pela casa. O menino virou-se abruptamente, seus olhos arregalados refletindo o terror que sentia. O pequeno, com os cabelos desgrenhados e a face pálida, afirmava ter visto uma sombra se movendo entre as espigas do trigo, e suas palavras ecoavam como um sinistro chamado à ação. A voz em sua cabeça, agora com um timbre ameaçador, exigia que ele tomasse uma decisão, uma escolha que poderia definir o destino de sua família. “Sacrifique-o!”, ordenava, como se fosse um mantra que ressoava em seu interior.

Mas naquele instante, algo despertou dentro do menino. Ele percebeu que a verdadeira batalha não era contra o espírito maligno que a voz insistia em afirmar existir nas sombras, mas sim contra a influência opressora que havia tomado conta de sua própria mente. O coração pulsava descontrolado enquanto ele lutava contra a tentação de se render ao que a voz exigia. Ele não queria machucar seu irmão, não queria se tornar o monstro que a voz estava tentando moldá-lo. Em um ato de desespero, ele fechou os olhos e gritou, “Cale-se! Chega! Você não manda em mim!”

As palavras ecoaram na escuridão, e por um momento, o silêncio tomou conta do ambiente. O menino sentiu uma onda de alívio, mas logo foi substituída por um frio cortante que parecia emanar do próprio chão. A voz, agora silenciada, parecia se contorcer em sua mente, e ele percebeu que cada palavra carregava um peso imenso, um eco de sua própria fragilidade. O olhar do irmão, cheio de medo e confusão, o trouxe de volta à realidade, e ele se lançou em direção ao pequeno, abraçando-o com força. Juntos, formaram um escudo contra a escuridão que parecia se aproximar, e a presença do irmão ao seu lado se tornou um farol em meio ao caos.

“Vamos sair daqui,” ele disse, sua voz tremendo, mas determinada. O campo de trigo, que antes parecia hostil, agora era um labirinto de incertezas. Mas, ao se afastar da casa, o menino sentiu que, ao menos por um momento, havia recuperado o controle sobre sua mente. Com Véu seguindo-os, a pequena família se aventurou para longe dos muros que pareciam estar se fechando, em busca de um lugar onde a luz pudesse penetrar, onde a voz pudesse ser deixada para trás, e onde o amor poderia prevalecer sobre o medo. A jornada estava apenas começando, e apesar do terror que os cercava, o menino estava decidido a lutar, não apenas pela sua vida, mas pela vida de todos aqueles que amava.
17:27
Enquanto o menino e seu irmão se afastam da casa, eles descobrem uma clareira escondida no campo, onde a luz da lua brilha intensamente, revelando um antigo altar coberto de símbolos que parecem pulsar com uma energia estranha. Nesse momento, a voz em sua cabeça começa a se agitar novamente, tentando convencê-lo de que o altar é a chave para libertar sua família da influência maligna, mas ele percebe que, ao invés de seguir a voz, deve usar essa nova descoberta para enfrentar e desmantelar a origem do mal que o assombra. Juntos, eles decidem realizar um ritual de purificação no altar, convocando a coragem que encontraram um no outro para finalmente confrontar os demônios que habitam tanto no campo quanto na mente
17:36
a coragem que havia se perdido nas sombras da casa. A clareira, iluminada pela luz da lua, parecia um refúgio, um espaço sagrado onde a natureza abraçava os irmãos com um suave sussurro. O altar, coberto de símbolos antigos que pulsavam com uma energia estranha, parecia chamar por eles, como se aguardasse a chegada de alguém que pudesse decifrar os mistérios que ali residiam. O menino, com o coração acelerado e a mente confusa, olhou para o irmão e viu a determinação refletida em seus olhos, uma luz que não se apagava mesmo diante do terror.

A voz em sua cabeça começou a se agitar, insistindo que o altar era a chave para libertar sua família da influência maligna, mas o menino, agora mais consciente de sua própria força, decidiu que não se deixaria levar por aqueles sussurros traiçoeiros. Ele percebeu que o altar poderia ser um lugar de poder, mas não da maneira que a voz desejava. “É aqui que vamos fazer diferente,” disse ele, sua voz firme, enquanto se aproximava do altar. “Vamos usar isso para nos proteger, não para machucar.” O irmão assentiu, ainda inseguro, mas a confiança que emanava do menino começou a contagiar seu pequeno coração.

Juntos, eles começaram a estudar os símbolos esculpidos na pedra, tentando decifrar seu significado. O menino, com uma inspiração profunda, lembrou-se das histórias que sua avó contava sobre rituais de purificação, sobre como a bondade e o amor poderiam afastar o mal. “Precisamos invocar os espíritos protetores, aqueles que trazem luz,” ele disse, e seu irmão, agora mais animado, ajudou a reunir pequenos ramos e flores do campo, criando um círculo ao redor do altar. A cada elemento que adicionavam, sentiam a energia ao seu redor se intensificar, como se a própria natureza os apoiava.

Naquele momento, a voz se tornava um murmúrio distante, uma sombra em comparação ao brilho crescente do altar. O menino fechou os olhos e, com cada batida de seu coração, começou a recitar palavras que não sabia de onde vinham, mas que pareciam fluir de sua alma. “Espíritos da luz, venham a nós. Protejam-nos do mal, purifiquem nossas almas.” O irmão, ao seu lado, uniu sua voz à dele, e juntos, eles clamaram por proteção e amor, criando uma onda de energia que iluminou a clareira como nunca antes.

E enquanto as palavras ecoavam na noite, o menino sentiu a voz em sua mente diminuir, como se o poder que antes exercia sobre ele estivesse se dissipando. Ele finalmente entendeu que o verdadeiro sacrifício não era o de sua família, mas o de libertar-se do controle que a voz tinha sobre sua vida. A clareira se tornava um santuário, e, ao abrir os olhos, viu a luz da lua refletida em seu irmão, que também se libertava do medo que os mantinha acorrentados. Eles estavam juntos, enfrentando o desconhecido, e isso era mais forte do que qualquer sombra que pudesse se aproximar.
17:36
Agora vamos compor o ato I da estória. Vamos apresentar a vida cotidiana do menino antes da voz surgir em sua cabeça. Foque na relação do menino com o campo e com o seu pai, cuidando do campo.
17:46
No coração da Idade Média, em uma pequena aldeia cercada por vastos campos de trigo, vivia um menino de doze anos, que passava os dias sob a luz do sol, acompanhando seu pai nas tarefas do campo. A vida era simples e repleta de rotinas que, para ele, eram quase sagradas. O aroma da terra fresca, o som do vento acariciando as espigas e o canto dos pássaros formavam uma sinfonia que o preenchia de alegria. O menino, com suas mãos pequenas e calejadas, ajudava o pai a arar a terra, a semear as sementes e a cuidar do crescimento das plantas, aprendendo a respeitar o ciclo da natureza.

Seu pai, um homem forte e trabalhador, sempre tinha um sorriso no rosto, mesmo quando a fadiga se tornava evidente em seu corpo. Ele contava histórias sobre os antigos, sobre como os campos eram abençoados pela Mãe Terra e como cada colheita era um presente a ser celebrado. “Cada grão de trigo é um sonho, meu filho,” dizia ele, enquanto juntos observavam as fileiras verdes se estenderem até onde a vista alcançava. O menino admirava a sabedoria do pai, absorvendo cada palavra como se fossem sementes plantadas em seu próprio coração.

As tardes eram preenchidas por risos e brincadeiras, enquanto o menino e seu pai se desafiavam a quem conseguiria colher mais espigas em menos tempo. O campo se tornava um vasto parque de aventuras, onde ele se sentia livre e feliz, longe das preocupações que o mundo poderia trazer. Era um tempo em que a inocência ainda reinava, e o menino não tinha consciência de que, em algum lugar nas sombras, uma voz começava a se formar, aguardando o momento certo para emergir.

As noites eram passadas à luz da lareira, onde o menino se aninhava ao lado de sua família, ouvindo as histórias que seu pai contava sobre a vida no campo, sobre as estações que mudavam e sobre a importância de manter a harmonia com a natureza. Ele adorava essas histórias, que o transportavam para um mundo de magia e mistério, onde os espíritos da terra dançavam sob a luz da lua e protegiam os lavradores que cuidavam do solo. Era um momento de união, onde o amor e a simplicidade da vida rural criavam um laço indestrutível entre eles.

Mas, conforme os dias se passavam, algo começou a mudar. O campo, que antes era um lugar de alegria e aprendizado, começou a parecer diferente. O menino começou a notar pequenas sombras que dançavam entre as espigas, e os sussurros do vento começaram a soar como vozes distantes. Era como se a natureza, que antes o abraçava, agora estivesse se tornando um palco para algo desconhecido. E, em meio a essa transição, a voz finalmente emergiu, transformando sua vida cotidiana em um pesadelo que ele nunca poderia ter imaginado.
17:47